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Pequena maravilha de humor e inteligência, “Calvin e Haroldo” (Calvin and Hobbes no original), a tirinha que o americano Bill Watterson escreveu e desenhou por dez anos, de 1985 a 1995, marcava uma lacuna indesculpável no Pop Literário de Sexta. O buraco é preenchido agora pela conversa do esperto menino de seis anos com seu tigre de pelúcia – que para ele (e só para ele) aparece como um animal falante de raro espírito crítico – sobre o surpreendente aspecto literário da matemática.
Apesar (ou por causa?) do sucesso mundial, Watterson tomou a decisão de parar de desenhar a tira depois de passar dez anos resistindo à pressão da indústria dos cartuns para multiplicar o faturamento da dupla com o lançamento de uma série de produtos com a cara dos personagens. Essa tensão entre arte e comércio foi satirizada por ele numa das conversas do inteligentíssimo Calvin com seu tigre:
CALVIN: O mais difícil para nós, artistas pós-modernos de vanguarda, é decidir se abraçaremos ou não o comercialismo. Vamos permitir que nossa obra seja promovida e explorada por um mercado que está sempre ávido pela próxima novidade? Vamos fazer parte de um sistema que transforma grande arte em pequena arte para deixá-la mais palatável ao consumo de massa? É claro que, quando um artista se comercializa, transforma em piada sua condição de marginal e livre-pensador. Passa a compartilhar dos valores grosseiros e rasos que a arte deveria transcender. Troca a integridade da sua arte por fama e fortuna.(…)Ah, quer saber? Vamos nessa.HAROLDO (revirando os olhos): Não foi tão difícil.
Bom fim de semana a todos.
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